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História

História


 

ENTENDE-SE POR ESGRIMA COMO O COMBATE EM QUE SÃO UTILIZADAS ARMAS BRANCAS PARA ATACAR E DEFENDER-SE.

 

Inicialmente, era utilizado para caça e sobrevivência. Entretanto, com a evolução das armas e da humanidade, passou a se tornar arma de combate, sendo abolida somente com o surgimento das armas de fogo.

Atualmente, existe apenas a esgrima esportiva, sendo esta dividida em três diferentes tipos de armas, a saber: espada, florete e sabre, representando os antigos armamentos utilizados em combate e treino.

Cada arma da esgrima possui sua regra, zona de pontuação e forma de toque, sendo que, na espada e no florete, o toque só pode ser de ponta e, no sabre, com a ponta, o corte e o contra-corte.

A pista de esgrima possui 14 metros de comprimento e dois metros de largura; os pontos são indicados por duas lâmpadas que existem no aparelho marcador de toques, uma verde e outra vermelha, acendendo sempre do lado do atleta que realizou o toque, fazendo com que este receba um ponto.

Atualmente, as competições de esgrima são disputadas em duas fases: uma classificatória, onde os atletas são divididos em grupos e todos do grupo jogam entre si, sendo cada jogo vencido pelo atleta que marcar cinco toques, no tempo máximo de três minutos; e uma eliminatória, que é disputada até quinze pontos, em três tempos de três minutos, com um minuto de repouso entre eles.


 

REVISÃO HISTÓRICA DA ESGRIMA

 

A origem da esgrima remonta a pré-história, quando o homem empregou, pela primeira vez, um pedaço de madeira para se defender ou atacar, garantindo a sua sobrevivência. Todavia, só com o surgimento dos metais foram criadas, de fato, as primeiras armas de combate, sendo, inicialmente, empregadas por chefes de grupos ou tribos.

A esgrima pode ser dividida em quatro períodos. No primeiro, da pré-história ao século XVI, estão os primeiros relatos de esgrima em documentos egípcios, apresentando uma esgrima de impacto, onde eram utilizadas armas de percussão. Nesse período, os gregos também se utilizavam de armas muito parecidas com as dos egípcios, utilizando o metal para dar pancadas. As armas gregas vieram a influenciar as romanas, que eram de mesmo aspecto, porém mais curtas e largas. Inicialmente, seu uso era puramente guerreiro, porém, com o passar dos tempos, as armas ganharam também um aspecto circense, sendo utilizadas por gladiadores com a finalidade de entreter o povo. Nas arenas, os golpes ainda matavam por percussão, contudo, para tornar os combates mais rápidos, os gladiadores inventaram o golpe de ponta a cabeça.

Este foi o emprego dado às armas brancas por muito tempo, até que o já decadente Império Romano foi invadido pelos hunos, em 450 d.C., o que modificou o uso do armamento e iniciou o emprego do cavalo, com arqueiros constituindo a elite guerreira nos campos de batalha. O aparecimento destes arqueiros, oriundos da Ásia Central, deveu-se a uma tropa chamada Akva, palavra de onde se originou Cavalaria. Esta tropa fez com que o animal, chamado de equus pelos romanos, viesse a se chamar cavalo, e, a partir de então, as espadas e os cavalos passaram a dominar os combates. Face à atuação dos hunos, surgiram as armaduras, extinguindo os arqueiros e aumentando, novamente, a importância das armas de percussão.

Enquanto a história era assim escrita na Europa, os árabes expandiam seus domínios liderados por Maomé e seus ensinamentos. Entre 661 e 750 d. C., eles dominaram a Península Ibérica e trouxeram consigo novas técnicas de forja e têmpera da lâmina, tornando-as mais leves e fortes, modificando, assim, o uso das armas no combate. O avanço dos árabes na Europa foi impedido por Charles Martelem, na Batalha de Poitiers, em 732 d.C. Após a batalha, sucederam-se inúmeros combates entre cristãos e sarracenos, porém sem nenhuma inovação na esgrima.

Nesta época, aparece o feudalismo na Europa e a escravidão é trocada pela servidão. Camponeses e senhores vivem em função dos castelos e a guerra muda de caráter. As lâminas se tornaram mais fortes e mais finas na extremidade, aumentando o uso da ponta. O golpe principal ainda era através de pancadas, mas o modo de combate começava a sofrer modificações.

Em 1096, iniciam-se as cruzadas, que criaram inúmeras lendas e mitos, como a do Rei Ricardo Coração de Leão e do Rei Saladino, que mostravam a diferença da esgrima de força e armas pesadas de Ricardo Coração de Leão contra a sutileza da esgrima de Saladino.

Neste período, os cavaleiros da Europa se adestravam em torneios conhecidos com justas, usavam armadura e protetores e introduziram a lança de guerra para o combate, que era mais longa e alcançava os inimigos a uma maior distância.

No segundo período, que se deu do século XVI até meados do século XVIII, as armas se tornaram maiores e mais pesadas, a fim de aumentar o impacto dos golpes. Com isso, as armaduras tiveram que ser mais fortes e resistentes, tornando-se tão pesadas que o cavaleiro era incapaz de montar seu cavalo sem auxílio. Essas novas vestes de combate, mais uma vez, modificaram as guerras e confrontos da época.

 

Os três séculos seguintes vieram a caracterizar bem esse novo período. Por volta de 1560, os exercícios entre cavaleiros eram bastante comuns, os senhores e seus súditos iam a outras vilas para torneios, que começavam pela manhã e terminavam ao pôr-do-sol. Eram seguidos por tratamento aos feridos e grandes festas e banquetes. Porém, essa era de justas e torneios chegou ao fim após a morte de Henrique II, da França, perante sua própria corte, tendo o próprio Papa proibido sua continuação. Daí em diante, não se veria mais lanças, espadas e cavalos nos campos de batalha.

Entretanto, dois outros fatores já estavam contribuindo para mudanças na esgrima em combate: o surgimento das armas de fogo portáteis, que feriam os cavaleiros através das couraças, e as novas espadas, com lâminas mais resistentes e ponta fina, que cortavam e feriam mortalmente em combate, através das articulações da armadura. Assim, as grandes espadas e as armaduras sairiam do cenário, dando lugar a rapiére e ao punhal em lutas muito mais velozes.

 

Para essa nova esgrima, criou-se um novo adestramento ao combate, treinando saltos sobre o cavalo, que antes não eram possíveis devido ao peso dos armamentos.

O domínio do manejo e da fabricação de armas passou da Espanha, na Península Ibérica, para a Itália, onde surgiram os primeiros tratados e estudos de esgrima, que apesar de serem confusos, começaram a criar a sua base. Os primeiros tratados falavam sobre a posição de guarda, a esquiva, o golpe à face, bem como do uso da espada e do punhal para a defensiva. As espadas, nessa época, eram bastante longas e com a ponta perfurante, chamadas durindanas.

Os italianos vencem inúmeras dificuldades no início dessa supremacia. Foram feitos novos estudos sobre ataques de ponta, defesas com o punhal e com a capa, golpe ao pescoço e ao rosto, tendo o homem, enfim, descoberto que o golpe de ponta podia ser realizado a uma maior distância, sendo, portanto, mais seguro.

Deste modo, começaram a ser difundidos todos os golpes da esgrima, apresentando soluções para a utilização do armamento em todos os tipos de situação, incluindo a retirada em caso de grande desvantagem. Como o material de combate para essas novas situações foi muito modificado, deu-se fim à lança e ao escudo e começou-se a utilizar a espada e a adaga.

Por volta do século XVII, surgem as primeiras pistolas com capacidade para um ou dois cartuchos. Elas não fizeram o homem deixar a espada, pois, em caso de falha das armas de fogo, elas deveriam ser utilizadas, mas mudaram mais um pouco a face dos combates. Nesse século, o domínio das espadas passa dos italianos para os franceses, surgindo aí uma rivalidade esgrimística que dura até os dias atuais.

Na França, surgiram as primeiras escolas de esgrima. As pistas eram desenhadas no chão, tendo sido criados novos golpes e escritos mais tratados, mudando, novamente, a técnica de combate na esgrima. A posição de guarda passou a ser abordada de uma nova forma: criou-se o golpe à perna do adversário, o a fundo, assim como o uso da mão desarmada no combate.

Surge, também, nesse período, uma grande rivalidade entre a espada, cujo principal golpe era o de ponta, e o sabre, que o principal golpe era o de corte.

Vários duelos foram realizados para se determinar o melhor armamento, mas nenhum resultado foi alcançado.

O material começou a evoluir, tornando a esgrima mais parecida com a dos dias atuais. Surgiram as luvas, a máscara, os punhais, os coletes para os mestres, bem como os floretes, armas de treinamento mais leves e com golpes não letais.

Com Luis XIV, a esgrima francesa chegou ao ápice. Surge o a fundo, já na sua concepção atual de ataque. Era o tempo dos mosqueteiros, que se tornaram muito mais famosos pelo uso de suas espadas do que de seus mosquetes. Os golpes com o uso das espadas e das adagas foram aperfeiçoados, bem como o jogo de pernas, passando a dar grande movimentação ao combate. Foram feitos estudos do uso da lanterna para cegar o adversário e dos ataques ao braço para, primeiro, ferir o adversário e, depois, matá-lo. Assim, entrou o século XVIII, com o início do uso racional das armas brancas, dando início à esgrima moderna.

As lâminas ficaram mais curtas e as defesas mais eficazes, os golpes passaram a ser de ponta e a utilização da perna se tornou muito complexa e eficaz nos deslocamentos. Com o surgimento dos duelos, a utilização da espada passou a ser meio de vida ou morte, aumentando em muito a quantidade de treinamentos.

Para evitar ferimentos nos olhos, durante os treinos, nasceram as convenções de esgrima. Dois esgrimistas, por exemplo, não podiam atacar simultaneamente, isto é, se um deles atacasse, era necessário que o atacado se defendesse para poder atacar depois. Essas convenções são a origem das regras de sabre e florete da atualidade.

Como a história sempre se repete, a nobreza começou a se matar através de inúmeros duelos, dizimando diversas cortes. Os duelos não eram restritos somente aos homen; as mulheres também duelavam pela sua honra.

No final do século XVIII, iniciou-se o terceiro período da esgrima. La Bosiére criou a máscara, semelhante a dos dias atuais. A esgrima sofreu uma grande mudança nos seus treinamentos em escola, surgindo a frase d’armas, que é a troca sucessiva de golpes com velocidade, agora sem o risco de ferimento nos olhos, devido ao uso da máscara.

Nessa época, apareceram as armas semi-automáticas que causaram o total desaparecimento de lanças, de espadas e de cavalos de guerra. A última carga de cavalaria da história, porém, foi a realizada pela Polônia contra os blindados alemães na Segunda Guerra Mundial.

Com todos esses acontecimentos, a esgrima perdeu sua característica bélica, ficando restrita ao caráter esportivo. Todavia, ainda persistiam os duelos, moda naquela época, mas que foram extintos no início do século XIX.

Portanto, a ferida, que antes determinava o vencedor, foi substituída pelo árbitro, tornando necessário o toque com bastante nitidez e clareza de movimentos. Com isso, a esgrima se tornou mais acadêmica, sendo a agilidade e a velocidade, fatores antes primordiais para a sobrevivência, relegadas a um segundo plano, nessa nova esgrima de desporto, estática e sofisticada.

Em 1896, a esgrima foi introduzida nos Jogos Olímpicos de Atenas, sendo, até os dias atuais, um esporte olímpico. Em 1913, surgiram as regras internacionais de esgrima, alcançado, enfim, seus objetivos atuais: a educação física e mental de seus praticantes.

Em 1936, nos Jogos Olímpicos de Berlim, surgiu o primeiro aparelho elétrico de esgrima para a arma de espada, eliminando, dessa forma, a antiga votação dos juízes sobre a materialidade do toque nessa arma.

Assim, a forma estática de se praticar esgrima foi substituída por um modo dinâmico, com golpes velozes e fulminantes, sedimentados na grande preparação física, tornando a esgrima, novamente, um esporte tipicamente agonístico.

Fonte: CRAMER RIBEIRO JC, DIOGO CAMPOS FK. História da Esgrima, da criação à atualidade. Revista de Educação Física 2007;137:65-69.

TEXTO EXTRAÍDO DO SITE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA